segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Porto dos Conflitos e das Confusões

O Porto dos Conflitos e das Confusões

Roberto Carlos Rodrigues

Quem acompanha o desenrolar da implantação do Porto Sul Bahia, em Ilhéus, até hoje não sabe se está havendo um conflito de idéias ou uma confusão de argumentos, opiniões e falácias. O dito porto, antes mesmo de nascer, já engendrou várias facções de comentaristas, opositores e defensores. Dessa forma, já se comenta entre as vielas da Baixa Fria que o Porto Sul Bahia já tem um apelido certo: se chamará PCC – Porto dos Conflitos e das Confusões.

Os defensores do Porto Sul Bahia dizem e demonstram que a sua implantação dará um novo ânimo a combalida economia do Sul da Bahia e em especial, ao agonizante caixa da cidade de Ilhéus. Pelo panfletário feito pelos governos nacional e estadual, o Porto Sul Bahia será um completo inter-modal composto de porto, aeroporto, alfândega, estação ferroviária etc. Tudo isso para transformar Ilhéus numa cidade capaz de exportar minério de ferro e outros produtos regionais.

Já os críticos dizem que o porto vai agredir a flora e fauna da região, vai poluir mananciais e lagoas, vai destruir as matas e não trará tantos benefícios sociais para o povo de Ilhéus, como alardeiam os defensores do projeto.

Antes de falamos sobre esse porto de tantas opiniões, é bom que saibamos o que é conflito e o que é confusão. Vejamos: Os dicionários descrevem conflito como desordem, tumultos, oposições e dissídios. Já confusão é o efeito de confundir, falta de ordem, revolta etc. Ou seja, antes mesmo de ser inaugurado, o Porto Sul Bahia já está com o seu cais cheio de embarcações repletas de ações de pensamentos conflitantes.

Desse massapé antropológico e democrático borbulham comentários e ânimos de todos os calibres e timbres. Tem defensores debruçados sobre os umbrais das leis preparando liminares e pareceres jurídicos para a manutenção e implantação do projeto do porto. Os opositores já fizeram grandes demonstrações de forças, fazendo caminhadas, manifestos e até apresentações teatrais para mostrar as possíveis mazelas dessa implantação. Comenta-se até que grandes eventos desse grupo estão sendo planejados para os próximos dias.

Dessa diatribe social o mais louvável é por certo o exercício da democracia e principalmente da cidadania. O que vemos ao redor dos comentários e opiniões dissonantes sobre a implantação do porto, é o uso pleno dos princípios da civilidade que se expressam pelos debates, conflitos e até mesmo pelas confusões de idéias e ideais.

Quando se implantou o atual Porto Internacional do Malhado, nada disso aconteceu. Tudo foi empurrado de goela abaixo pelo governo brasileiro e o povo de Ilhéus não foi ouvido em nenhuma ocasião. Simplesmente se louvou essa iniciativa sem se analisar as conseqüências ambientais do feito. Agora, com os eflúvios ambientais turbinados pela ordem ecológica mundial, a sociedade regional está tendo a oportunidade de pelo menos se fazer ouvir e se manifestar. Isso é mais que louvável.

Entre defensores e opositores do Porto Sul Bahia tem de haver calorosas e arrelientas opiniões e pareceres. Tudo, obviamente resguardado nos limites da civilidade e da democracia. Quanto mais se debater e se opinar sobre o assunto, melhor para todos e principalmente para a cidade de Ilhéus, que demonstra mais uma vez que é celeiro de amantes ‘arretados’ e aguerridos. Pessoas que em prol do bem comum e social, cria até inimizades e se tornam mal-quistas. Mas no fundo, tem uma causa justa da sua luta: o amor por sua cidade.

O Porto Sul Bahia, - pelo andar das carruagens governamentais, já é fato concreto. Porém, não será um ponto pacífico de opiniões e comentários. Muitos conflitos e confusões serão cozidos dos caldeirões das manifestações sociais e por conta disso, a sopa da democracia será servida por esses dias ao povo de Ilhéus, junto como o pão da civilidade. Esse último, por sinal, está sendo temperado com o molho das pimentas malaguetas colhidas nos quintais das opiniões pessoais.

Uma coisa é certa: O Porto Sul Bahia, mesmo ainda no papel, já deu uma grande e valiosa contribuição para os ilheenses: Fez renascer o nosso louco amor pela nossa Princesinha do Sul. Graças a Deus que para isso não temos críticos nem opositores.

O autor é analista de negócios

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